domingo, 19 de outubro de 2008

Fronteiras digitais


Ler o vídeo "Fronteiras Digitais" deixou-me bastante perplexo.
É fato inegável que elas existem e, como toda fronteira, impõe limites, restrições, dificulta o acesso. Neste caso, restringe-se o acesso à cidadania, visto que as tecnologias digitais permitem a interação entre pessoas e destas com inúmeros conteúdos que lhes permitem assumir o seu papel de sujeitos da palavra, da história e da vida social.
Também não se pode negligenciar o fato de que as instituições escolares situam-se no limiar dessas fronteiras e, por isso, a formação dos cidadãos que lhe são confiados tem se dado com lacunas, uma vez que esta poderia ser mais consistente se as ações de inclusão digital em instituições educacionais fossem mais profícuas.
Contudo, preocupam-me textos que comparam a escola com a evolução histórica de outras instituições ou tecnologias, procurando criar a evidência de que as instituições escolares sejam espaços fossilizados em meio ao ritmo desenfreado da evolução tecnológica.
Tal comparação é totalmente injusta, visto que desconsidera as condições em que tal "evolução" se deu em cada esfera, isto é, com ritmos e recursos materiais totalmente diferentes. Não é natural que a escola esteja na "lanterninha" dos avanços tecnológicos. Ao contrário, trata-se do resultado histórico de um jogo de interesses que não ofereceu às instituições escolares as mesmas condições de atualização que foram disponibilizadas à insdústria da comunicação, por exemplo.
Desse modo, o vídeo mostra a distância tecnológica da escola em relação a outras esfera da sociedade, mas apaga o processo histórica de produção dessa lacuna que faz dos estabelecimentos de ensino uma das fronteiras digitais do nosso tempo. Quando esse apagamento ocorre, há o risco de se polarizar a culpa sobre os ombros de quem não foi responsável pela existência do fato, neste caso, o professor.
Diante da posição veiculada pelo vídeo, o mais justo e coerente seria perguntar "quais foram as condições sociais, históricas e políticas" que produziram avanços tecnológicos em tantas esferas da nossa sociedade e fizeram da escola uma das fronteiras digitais dessa mesma sociedade?". A resposta a esta questão passa sim, pelas salas de professores, mas está profundamente enraizada em atos que ocorrem nos gabinetes dos dirigentes educacionais em todos os níveis.

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